Testar, envolver, adaptar: encontro do Regions4Climate nos Açores

24 outubro, 2025

Nos dias 16 e 17 de outubro de 2025, decorreu uma reunião do projeto europeu Regions4Climate, que juntou parceiros em São Miguel para dois dias de trabalho prático, trocas técnico-científicas e visitas de campo.

Organizado pelo Fundo Regional da Ciência e Tecnologia (FRCT) em parceria com a Universidade dos Açores, o encontro deixou claro um objetivo: avançar, em conjunto, com soluções rápidas e eficazes para aumentar a resiliência climática das zonas costeiras.
Embora a agenda tenha incluído sessões técnicas e reuniões de trabalho, o que marcou verdadeiramente este encontro foi o dinamismo do Challenge Suite 1 (CS1) — o cluster Faster Adaptation — e a determinação das regiões em coordenar intervenções ágeis e com impacto imediato.

O que é o Cluster CS1?

No Regions4Climate existem três grandes clusters — Faster Adaptation (Challenge Suite 1), Smarter Adaptation (Challenge Suite 2) e More Systemic Adaptation (Challenge Suite 3) — cada um com um enfoque distinto na forma de responder aos desafios locais e regionais.
O CS1 reúne regiões que privilegiam respostas práticas e rápidas. Juntamente com os Açores, estiveram representados:

  • País Basco (Espanha) — foco em restauração e monitorização de ecossistemas costeiros, com destaque para a recuperação da zona húmida de Plaiaundi, em Txingudi;
  • Aquitânia do Sul (França) — trabalho em uso adaptado de áreas costeiras urbanas e reforço das capacidades de monitorização e previsão;
  • Toscana (Itália) — planeamento de intervenções costeiras demonstrativas que possam inspirar práticas no Mediterrâneo.

E nos Açores?

Os Açores têm vindo a implementar ações inovadoras que combinam a literacia da comunidade face aos riscos climáticos e a compreensão dos impactos das alterações climáticas e da digitalização de processos de decisão, apoiando autoridades e stakeholders na análise e implementação de medidas. Como parte desta abordagem, estão a ser desenvolvidas três ferramentas digitais:

  • Coastal Vulnerability Index App — para avaliar fragilidades costeiras;
  • Cetacea App — para monitorização de mamíferos marinhos;
  • Azorean Footprint App — para avaliar pressões e pegada humana em áreas sensíveis. Estas ferramentas refletem o compromisso dos Açores em integrar ciência, tecnologia e participação comunitária para reforçar a resiliência da região.

O encontro nos Açores e a sessão participativa: “Envolver para Adaptar”

Para além das reuniões técnicas, os parceiros realizaram visitas de campo às freguesias dos Fenais da Luz e das Calhetas, locais onde é possível observar in situ um elevado grau de vulnerabilidade costeira, com evidência de erosão significativa que já causou danos em infraestruturas e afetou o modo de vida das populações locais.

O workshop “Envolver para Adaptar” visou apresentar as aplicações concebidas pela equipa da Universidade e mostrar como estas ferramentas podem apoiar a monitorização ambiental e incentivar o envolvimento das comunidades nos processos de adaptação às alterações climáticas. Ainda, o FRCT dinamizou uma atividade interativa que explorou experiências e perceções dos participantes sobre o envolvimento das comunidades, debatendo perguntas como:

        Como equilibramos o conhecimento técnico com as perceções e necessidades locais?
        Como garantir que o envolvimento seja contínuo e não apenas pontual?

Os contributos recolhidos reforçaram abordagens de comunicação, participação e cocriação de soluções mais inclusivas e sustentáveis.

Este ciclo de cooperação consolida o Regions4Climate como um instrumento concreto de transformação regional, com impacto direto nas comunidades costeiras europeias. A partilha entre regiões, o teste de tecnologias locais e o envolvimento das comunidades são passos essenciais para uma adaptação eficaz e duradoura.