A Paisagem Arquitetónica da Cultura da Vinha da Ilha do Pico – códigos para a conceção de uma identidade a partir de muros de pedra

  • Estado
    EM CURSO
  • Nome
    Ana Laura da Rosa Semião Melo Vasconcelos
  • Entidade de acolhimento
    Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo (CEAU) da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP)  & Centro de Humanidades, FCSH da Universidade Nova de Lisboa (CHAM Açores)
  • Universidade que atribui o grau
    Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto

Objectivo

A investigação pretende refletir sobre o contributo da narrativa arquitetónica nas práticas de intervenção contemporânea em paisagens classificadas, designadamente, a possibilidade de as operar, reconfigurar e mediar, sem entrar em conflito. Tendo como objeto a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico e como casos de estudo 10 aglomerados rurais que constituem «os exemplos mais significativos da arquitetura tradicional, da construção da paisagem, modos de vida, usos e tradições dos seus habitantes», pretendem-se estudar as formas na sua componente qualitativa e não apenas quantitativa, depurando-as à sua essência, estrutura, lógicas e conotações, bem como às qualidades que lhes conferem consistência e coerência. Uma análise efetuada em três níveis:

  1. As circunstâncias do território e da paisagem (esc. 1.25000);
  2. A matriz de organização dos aglomerados rurais (esc. 1.2000) e
  3. Os fundamentos da gramática das formas da arquitetura (esc. 1.100).

No pressuposto de que esta investigação constitui, antes de mais, um contributo para a prática de projeto, aspira-se construir um instrumento metodológico com um duplo objetivo geral: conhecer para permitir operar (detetar as formas elementares para fixar as permanências matriciais e transformar as variáveis) e conhecer para admitir participar (questionar o quadro regulamentar resultante da classificação da UNESCO e propor uma revisão sustentada e fundamentada). Esta ferramenta de projeto estabelece os seguintes objetivos específicos:

  1. promover conhecimento no campo disciplinar da arquitetura sobre a leitura de uma paisagem dialógica – Pico/Faial, campo/cidade, cultivo da vinha/comercialização do vinho, mar/montanha; arquitetura/agricultura – que capta a combinação de contextos, processos e autores;
  2. compreender as circunstâncias de assentamento dos aglomerados rurais, não apenas circunscrito ao estudo dos núcleos vitivinícolas, mas expandido a um complexo sistema de relações externas (transversais, entre a montanha, o mar e a ilha do Faial, e longitudinais, entre aglomerados) e ao que cada uma delas aporta para a organização espacial dos mesmos;
  3. detetar o padrão matricial e as variáveis nos modelos de organização dos aglomerados rurais, bem como os princípios tipo-morfológicos das construções, incluindo a possível contaminação de edifícios semelhantes na ilha vizinha;
  4. identificar as invariantes formais no sentido de fixá-las e detetar as mutações no sentido de reconfigurá-las, contribuindo para o equilíbrio entre permanência e transformação da paisagem e;
  5. construir um referencial que sustente as formas herdadas e viabilize a sua revitalização a usos diferenciados, sem pôr em causa a legibilidade, a identidade e, sobretudo, o sentido da arquitetura.

Resultados & Impacto

Espera-se que a investigação contribua para a operacionalização desta paisagem cultural e que constitua uma ferramenta útil de metodologia de projeto, que, ao invés de cristalizar e musealizar as construções, permita intervir de forma contextualizada, integrada e potenciadora da sua identidade. Sobretudo, que incite a reflexão sobre o equilíbrio entre a permanência e a transformação na Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, imprescindível à sua revitalização, sob pena de a converter em lugar-memória, desprovida de dinâmica, interação e vida. Paralelamente, promova um diálogo sobre a prática arquitetónica, nas intervenções contemporâneas em paisagens classificadas, designadamente, a possibilidade de as operar, reconfigurar e mediar, sem necessariamente entrar em conflito. Uma conjugação que reforça a ideia de que um território capaz de preservar a sua paisagem, atualizando-a de um modo inteligente e coerente, apresenta maior probabilidade de a manter ativa e, por conseguinte, de a transmitir a gerações futuras.