Trophic ecology of the endemic Azores Woodpigeon Columba palumbus azorica

  • Estado
    ONGOING
  • Nome
    Rémi Paul Fontaine
  • Entidade de acolhimento
    CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, InBio Laboratório Associado
  • Universidade que atribui o grau
    Universidade do Porto

Objectivo

Este projeto visa esclarecer a relação trófica entre o Pombo-torcaz dos Açores e as espécies vegetais do seu ambiente insular, focando-se nas florestas naturais, matas exóticas e campos agrícolas. Os objetivos são os seguintes:

  1. Determinar a dieta do Pombo-torcaz dos Açores e a sua variação espaciotemporal, através da análise de amostras não invasivas (fezes) recolhidas nas ilhas do Pico e Terceira, durante dois anos, utilizando métodos moleculares e micro-histológicos.
  2. Avaliar a disponibilidade de recursos alimentares (incluindo a dinâmica das culturas) determinando a diversidade e abundância relativa dos alimentos disponíveis para o Pombo-torcaz dos Açores.
  3. Relacionar a dieta com a disponibilidade de alimentos para descrever a ecologia trófica da espécie e avaliar a seleção de alimentos, o uso do habitat e as variações sazonais da composição da dieta.
  4. Descrever os padrões de movimentação diários e sazonais do Pombo-torcaz dos Açores, equipando indivíduos com dispositivos de telemetria GPS-VHF para melhor compreender o seu uso dos diferentes habitats.
  5. Avaliar o papel atual do Pombo-torcaz dos Açores como dispersor de sementes de plantas autóctones e exóticas/invasoras e o seu impacto nos campos agrícolas.

Resultados & Impacto

Estes resultados são preliminares e são baseados na análise molecular de um primeiro conjunto de amostras fecais (366 amostras recolhidas no Pico entre maio de 2021 e janeiro do 2022, três estações: verão, outono e inverno). No geral, 188 amostras foram atribuídas ao Pombo-torcaz dos Açores (51,4%), 133 foram inconclusivos (36,1%) e 45 foram atribuídos ao Melro-preto Turdus merula azorensis (12,3%). Um total de 111 OTUs (sigla em inglês para Unidades Taxonómicas Operacionais) foram identificadas, das quais, uma foi identificada à família, 36 ao género e 74 à espécie.

As OTUs mais frequentes foram Rumex sanguineus (percentagem de ocorrência: 11,7%), Trifolium repens (9,7%), Rumex conglomeratus (7,6%), Rumex sp1. (7.2%) e Crepis sp1. (5,2%). As espécies nativas Ilex perabo (1,3%) e Morella faya (1,3%) também tiveram percentagens de ocorrência relativamente elevadas.

Os dados de dieta foram analisados considerando dois parâmetros: a riqueza (número de OTUs diferentes) e composição (identidade das OTUs).

Resultados preliminares sugerem que a riqueza total (ou amplitude de nicho) variou entre estações do ano, sendo a diversidade da dieta menor no inverno comparativamente ao outono e ao verão.
A riqueza média por amostra também variou entre estações, com maior diversidade no verão, seguindo-se o inverno e menos diversidade no outono. Verificou-se que a riqueza média foi influenciada pela cobertura do solo no verão e no outono. No verão, a agricultura afetou negativamente a riqueza média, ao contrário do terreno urbano que afetou positivamente a riqueza média. No outono, a floresta nativa afetou positivamente a riqueza média.

As análises mostram que a estação do ano e a cobertura do solo influenciaram significativamente a composição da dieta. No verão, a erva daninha exótica Crepis sp. foi menos consumida nas áreas com maior proporção de terreno urbano. No outono, a árvore nativa Ilex perado e a erva daninha exótica Poa sp. foram mais consumidas nas áreas com maior proporção de floresta nativa. No inverno, o arbusto nativo Myrsine africana foi mais consumido nas áreas com maior proporção de floresta nativa e a erva exótica, Ranunculus repens, foi mais consumida nas áreas com maior proporção de terreno agrícola.