Governo dos Açores financia participação de investigadores da Região na Rede Europeia da Doença de Machado-Joseph
2 SETEMBRO, 2020
O Diretor Regional da Ciência Tecnologia frisou hoje, em Ponta Delgada, que a integração de uma equipa de investigação da Universidade dos Açores na Rede Europeia da Doença de Machado-Joseph é “um marco no reconhecimento internacional do trabalho desenvolvido pelos investigadores açorianos na área da saúde”.
Segundo Bruno Pacheco, a integração da equipa liderada pela investigadora Manuela Lima vai “colocar os Açores na vanguarda de novos estudos, ensaios clínicos e possíveis novas terapias, face a um mercado europeu extremamente competitivo”.
O Diretor Regional falava à margem de uma reunião com aquela investigadora, que teve como objetivo “harmonizar a participação da Região” na Rede Europeia da Doença de Machado-Joseph (ESMI) e analisar modelos de apoio à participação da iniciativa internacional.
O Fundo Regional para a Ciência e Tecnologia (FRCT) integra diversas redes internacionais em várias áreas temáticas, com destaque para as ERA-NET (European Research Area networks), enquadradas no Horizonte 2020, sendo uma delas a JPco-fuND2 (Joint Programming in Neurodegenerative Diseases strategic plan).
O FRCT integra desde 2018 esta rede, que tem como objetivo principal o estudo de doenças neurodegenerativas no contexto dos grandes desafios societais que a Europa enfrenta.
Neste âmbito, o Governo dos Açores financia a participação de uma equipa regional da Universidade dos Açores na rede ESMI, com um montante de 25 mil euros por ano, num período de três anos.
A equipa coordenada pela investigadora Manuela Lima dedica-se à investigação da doença Machado-Joseph, considerada uma doença neurodegenerativa hereditária, com início na idade adulta, que tem elevados níveis de incidência nos Açores.
O financiamento da participação da equipa da Universidade dos Açores na rede ESMI permitirá apoiar o funcionamento regional desta rede, de forma a possibilitar a realização de deslocações aos doentes nas várias ilhas, nomeadamente Terceira, Graciosa e Flores, de colheitas de biomateriais, a informatização e tratamento dos dados, bem como as atividades de ‘networking’ com os restantes parceiros.
A Doença de Machado-Joseph é uma doença neurodegenerativa hereditária, considerada rara pela União Europeia, com início na idade adulta, sendo que a principal manifestação da doença é a incoordenação motora (ataxia) que se manifesta de diversas formas, sendo mais notória ao nível da marcha.
A extensa investigação epidemiológica que tem vindo a ser desenvolvida pela equipa da Universidade dos Açores, em conjunto com o Hospital do Divino Espírito Santo e o Hospital do Santo Espírito, comprovou que os Açores têm elevados níveis de incidência, sendo que, no caso da ilha das Flores, esta doença afeta um em cada 135 habitantes.
Segundo o Diretor Regional, a integração dos Açores na rede ESMI é “da maior pertinência para os doentes e famílias, na medida em que os mantém em ligação direta com potenciais desenvolvimentos terapêuticos, facilitando a sua integração nos ensaios clínicos emergentes”.
Bruno Pacheco adiantou ainda que o FRCT, através da tipologia de projeto ERA-NET, financia, no valor total de meio milhão de euros, seis projetos de investigação em execução, em áreas como a geotermia, a biodiversidade, a bioeconomia azul e as doenças neurodegenerativas.
No âmbito dos consórcios ERA-Net, o FRCT, durante esta legislatura, assumiu um compromisso no valor de 1,3 milhões de euros, sendo que ainda serão lançadas várias convocatórias nestas áreas de investigação, bem como na área das ‘cidades inteligentes’.
“O investimento na ciência e a integração de investigadores da Região em redes internacionais é uma aposta ganha” do Fundo Regional para a Ciência e Tecnologia, frisou Bruno Pacheco.
O Diretor Regional salientou ainda a “importância de aumentar a participação dos Açores nas redes internacionais por trazer retorno à Região e valorizar o Sistema Científico e Tecnológico dos Açores”.
GaCS/GM